Comumente,
diz-se que uma imagem vale por mil palavras, como se isso já nos desvendasse o
mundo, a realidade, sem margem de erro ou engano. Mas, a bem da verdade, as
imagens nos cegam, se excessivas. Num mundo em que os meios de comunicação
ampliam, enormemente, o poder de acesso a diferentes estímulos, como distinguir
a imagem que nos cega daquela que, artística e criativa, pode nos abrir os
horizontes?
Na medida
certa (qual seria esta?), as imagens nos são portas, possibilidades que nos
podem ampliar o que somos (conhecermo-nos) e o que consideramos ser (estar sendo) o mundo.
Porém, certo é que, como dito no início, hão de nos cegar, se excessivas forem,
tal ao que vemos nesta atualidade de tantas idéias e informações. São tantos mundos (tantas as imagens) e, diante disso, nós, seres
tão frágeis, apequenados em nós mesmos, assustados com o volume de tudo,
cegamos. E, assim, é que, mesmo à nossa revelia, vamos a praticar o
esquecimento da beleza, dos detalhes e de tudo o mais que nos inspire ou nos
seja essência, boa essência, algo que, no fundo de nós, nos diz haver um
sentido, um sentido para além de todas as cegueiras.
Iluminuras [um olhar comovido], espaço de Kaya [revista de atitudes literárias], é um
lugar/janela, uma estação tranquila, paragem de onde podemos ver e apreciar o
trabalho daqueles que, dedicados a criar imagens (significados, sentidos,
sentimentos - ARTE), nos transmitem, nos presenteiam com suas criações, para
que possamos recuperar o nosso olhar e, assim, possamos escapar da cegueira geral,
já que aqui, momento a se viver, a ideia é contemplar e não consumir.
Nesta
segunda edição, trazemos os artistas Carlus Campos (Brasil), Lena Gal (Portugal)
e Edite Melo (Portugal),
cada um com suas respectivas belezas, seus olhares, enfim, a sensível arte que
produzem.
Olhemos,
pois!
Os Editores